Após dois anos de crise enfrentada pela pandemia do coronavírus, as escolas privadas afirmam que não terão outra alternativa a não ser retomar o percentual de reajuste integral, repassando a inflação às famílias. No ano passado, por causa da pandemia, muitas instituições anunciaram um reajuste menor. Algumas até congelaram o aumento. Agora, afirmam que, ao longo de 2021, tiveram custos acima do previsto para seguir todos os protocolos sanitários, além de investir em recursos para garantir aulas virtuais aos estudantes. Para piorar, a inflação acelerou neste ano: em dozes meses, o índice já acumula uma alta de quase 10%. Em alguns estados, escolas admitem que podem reajustar a mensalidade acima do índice. É o caso do Espírito Santo, como explica o presidente do Sindicato das Escolas Privadas do estado, Moacir Lellis.
“Se ela não repassar alguma coisa, não digo que vai ser a inflação, porque cada escola tem que ver, de repente ela tem uma margem ou tem outra que vai ter que ser até além, se não ela não sobrevive. Por isso, a gente até recomenda quando tiver fazendo sua planilha, presta atenção porque isso é até o final do ano de 2022.”
Uma das preocupações da rede é perder mais alunos para a rede pública. Segundo a Federação Nacional das Escolas Particulares, muitos alunos que saíram da rede no ano passado já voltaram, mas o presidente da entidade, Bruno Eizerike, reconhece que a escola precisará ter cautela ao definir o reajuste para manter o aluno.
SONORA “a escola faz sua planilha, mas obviamente antes de fixar o valor, ela olha para comunidade onde está inserida. Então acredito que as instituições já agiram com muita parcimônia no ano de 2020 e também deve fazer isso no ano de 2021, talvez procurar cortar alguns custos, procurar reduzir os investimentos que forem possíveis.”
Com a proximidade da abertura de matrículas para o próximo ano, muitos pais já estão ansiosos e preocupados com o que vem por aí. Por isso, o presidente da Associação de Pais e Alunos do Distrito Federal, Alexandre Veloso, sugere que as conversas com as escolas comecem agora para não haver surpresa.
SONORA “A gente acha interessante que esse diálogo comece de maneira antecipada para que a escola também entenda todo o cenário de pais que perderam ou ou tiveram diminuição de renda considerável para ver se consegue equacionar de maneira que isso também não impacte de maneira considerável as famílias que já estavam numa situação muito difícil e acredito que o próximo ano não vai ser diferente.”
Outra preocupação é com a inadimplência que ainda está alta em vários estados do país. Em São Paulo, esse índice chega a 9%. A orientação é que as escolas pensem em alternativas para ajudar os pais. O presidente do sindicato dos estabelecimentos de ensino do estado, Benjamim Ribeiro da Silva sugere, por exemplo, descontos pontuais ou até mesmo aumento do número de parcelas.
“Então, nesse momento, mais do que nunca, nós temos que conversar. Não inviabilizar a escola. Se você não consegue diminuir o preço, não consegue dar desconto, você, no mínimo, aumenta o número de parcelas, arruma alguma forma de atender a família num momento que é bastante caótico na própria economia.”
Cada escola tem liberdade para anunciar o próprio reajuste anual. O valor precisa ser informado até 45 dias antes do final do prazo de matrículas. Em meio à instabilidade, neste ano, as instituições tem adotado mais cautela e devem anunciar o aumento, oficialmente, apenas em novembro.