Em 2019, um levantamento entre os usuários do aplicativo de controle parental AppGuardian revelou que as crianças passavam, em média, 5,7 horas no celular diariamente. Durante a pandemia, o tempo gasto na internet aumentou cerca de 40%, segundo outra pesquisa, feita pela consultoria Kantar. Ou seja, as crianças passaram a ficar quase 8h em seus smartphones nos últimos dois anos, sendo que grande parte desse tempo em redes sociais.
E se ao menos metade desse tempo fosse investido em uma rede social que agregasse em conhecimento? Esse é o sonho do advogado Ronaldo Refundini, ao criar a Homefeltron, uma rede social do conhecimento. A página é uma espécie de enciclopédia individual gratuita, em que o usuário pode compartilhar diferentes conteúdos, como um novo aprendizado, uma resenha de um livro, a experiência em uma viagem, uma receita culinária. A ideia surgiu antes da pandemia, mas o idealizador acredita que, agora, com a intensificação do uso da tecnologia, o projeto ganhará força.
A Homefeltron é voltada para todos os públicos. Para as crianças, por exemplo, é possível armazenar e compartilhar seus aprendizados, como seus desenhos, suas primeiras palavras escritas, a primeira redação, o dia em que aprendeu uma nova responsabilidade, como escovar os dentes. Já, o público adulto pode armazenar e ter acesso a conteúdos acadêmicos, de forma organizada. “O objetivo é armazenar todos os registros e experiências do usuário, servindo de arquivo e memória para o estudante. Daqui há 10 anos ele poderá acessar uma redação, ou uma resenha de um livro que fez, por exemplo. E seus registros ficarão guardados e poderão ser acessados por seus filhos, netos, bisnetos. Todo seu conhecimento será valorizado por toda área genealógica”, explica Refundini. Ele cita que a rede social também tem o propósito de unir pais e filhos em um conteúdo construtivo. “Enquanto as crianças são pequenas a ideia é que os pais abasteçam o conteúdo, até que o filho tenha maturidade para gerenciar a página”.
A rede social também tem uma área específica para as escolas, em que é possível criar o perfil da instituição e nela postar conteúdos e informações dirigidas. “Nessa área, o gestor pode ter controle dos conteúdos que estão sendo trabalhados pelos docentes, enviar mensagens específicas para professores, alunos ou pais. É uma espécie de diário da escola. E tudo isso gratuitamente”, ressalta o idealizador.
Hoje, a rede conta com 1500 usuários, mas ele acredita que esse número pode crescer consideravelmente com a adesão das escolas. “A Homefeltron além de ser uma rede social saudável para crianças e adolescentes pode servir como importante recurso pedagógico aos professores. Hoje, estamos alienados a informação fútil e rasa das redes sociais tradicionais, a ideia é auxiliar nossos estudantes a se libertar desses sites e buscar o que realmente importa”, ressalta. Ele adianta que planeja melhorias e novos recursos para o site, mas, para isso, precisa da adesão das instituições.