As eleições e os Deuses do Olimpo
Ademar Batista Pereira
Em um comportamento semelhante à era da mitologia grega, a sociedade de alguma maneira repete a história ao endeusar entidades, pessoas ou partidos, porém desta vez, esperando milagres e bonança de meros mortais. Os Deuses gregos eram entidades ou crenças humanas em que se culpava ou agradecia por todas as mazelas ou sucessos humanos.
Na mitologia grega, aos inúmeros deuses cultuados em diferentes períodos da história pelos homens, eram oferecidos inúmeras oferendas e sacrifícios em troca de riqueza, abundância e vida eterna. Além de grandes tesouros repletos de ouro e pedras preciosas, também eram ofertados aos deuses o sacrifício de animais e de escravos, além de orações e diferentes rituais religiosos. Com os sacrifícios, os Deuses retornavam ao Olimpo, e um novo ciclo se iniciava.
Passados milhares de anos, não temos mais a figura dos deuses cultuados na mitologia grega, entretanto, os cultos e os sacrifícios agora são ofertados para outros mortais. A cada quatro anos, os nossos políticos e governantes, retornam para o convívio dos mortais, tentam explicar porque não fizeram ou cumpriram as promessas e pedem novos sacrifícios, sempre prometendo maravilhas, abundância, saúde e melhores condições de vida à população.
Encerrados os pleitos eleitorais, os “deuses modernos”, retornam ao Olimpo, desta vez abastecidos por mais alguns anos de poder, pois não conseguem viver uma vida de simples mortais. Nós, humanos e mortais, como nos filmes que representam os Deuses gregos, torcemos para que um ou outro Deus vença a luta, na expectativa de melhorar a sofrida vida da população.
Ou seja, repetimos um comportamento a milhares de anos. Não percebemos que a democracia e as eleições, e nossa oportunidade de decidir, qual Deus deve retornar ao Olimpo, e qual deve ficar vivendo como simples mortal. Ainda ficamos torcendo para qual Deus deve vencer, pois esperamos que o vencedor torne a vida dos humanos mortais menos complicada, com menos sacrifícios, pois ele prometeu, que se ganhasse, nossa dura vida de mortais melhoraria infinitamente.
No entanto, o que realmente acontece, depois das eleições, é que os empoderados deuses se enclausuram no Olimpo, virando as costas para os meros mortais, que sem ter mais à quem recorrer, se contentam com uma vida medíocre, com um carga de impostos cada vez maior e uma escassez absurda na oferta de serviços públicos. Mas tudo isso parece valer a pena, afinal, nossos Deuses, aqueles que nos prometeram o paraíso, já renovaram as suas promessas e nós, os mortais, podemos dormir o sono dos justos, aguardando que finalmente nossas preces sejam atendidas, os problemas sejam resolvidos e felicidade reine como nunca! Em quatro anos, tudo se repetirá.
Ademar Batista Pereira Presidente da Federação Nacional das Escolas Particulares – FENEP